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PY6FX em “A Busca pela Dipolo Sagrada.” Parte I – A Sociedade do Perímetro.

  • Foto do escritor: Fabio Sousa
    Fabio Sousa
  • 26 de out. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 30 de out. de 2023


Nesta épica jornada o propósito é saber se esse arranjo inventado pela KQ6XA (Bonnie) é capaz que “pôr algum sinal no ar”. Mas antes um aviso: aos formados em Oxford, Harvard, MIT por favor não percam o erudito tempo de vocês escrevendo “textões” sobre como esta jornada pode dar errado. Permaneçam conosco só os cabras com sangue nos zoí e ZNEs (Zoeira Never Ends)!


Trata-se de uma antena dipolo terminada em uma carga resistiva formando algo semelhante a uma antena loop. Como sustentação, utiliza a própria estrutura da casa permitindo uma operação radioamadorística bastante discreta. Esse arranjo guarda semelhança também com a famosa antena TFD e a Antena Rômbica porque estas possuem resistores em suas terminações, mas para por ai, pois nossa dipolo não leva em consideração qualquer tipo de cálculo para a extensão do fio é o “que der” para completar o perímetro do seu castelo ou fortaleza. É desnecessário dizer que quanto mais fio melhor e mais true wide ela vai se tornar, principalmente nas bandas baixas.

Arre Égua! Para que serve o resistor nesse arranjo? Padawan, boa pergunta. Esse resistor não tem apenas uma função. A primeira delas é, segundo a mestra Bonnie, remover a ressonância do circuito. Se apenas ligássemos uma ponta da antena dipolo a outra formaríamos um loop com uma ressonância em alguma frequência, isso seria bom se o objetivo fosse usá-la especificamente para a QRG de ressonância, mas o que queremos é uma antena multibanda muito true wide! A ressonância atrapalharia bastante essa pretensão gerando reatâncias praticamente impossíveis de lidar sem uma constante intervenção da antena ou aloprando em um acoplador. Outra função indispensável do resistor é absorver e transformar em calor parte da RF que não for irradiada. Logo, presume-se que quanto mais curto o circuito se tornar para uma determinada banda, mais esse resistor vai esquentar. Por essa razão deve possuir no mínimo 100w de dissipação para um rádio com 100w de potência. E esses 1000 Ohms? Esse valor é consequência do equilíbrio que somos forçados a tentar manter com o tipo de balun necessário para uma aplicação como esta, o balun High – Z 16:1. Baluns como este conseguem lidar melhor (ou menos pior) com a enorme flutuação de impediências que vão surgir conforme mudamos de banda. Como 16 * 50 = 800 equilibramos o outro lado com uma carga resistiva por volta desse valor.

Aqui há uma observação importante: como em toda antena terminada em carga resistiva os lóbulos de irradiação formados são empenados no sentido do resistor, esse efeito é crucial para o funcionamento da antena rômbica, formando sua direcionalidade, mas aqui tal efeito não torna a dipolo na prática direcional, devido as curvas e obstáculos, porém não deixa de existir um favorecimento no sentido do resistor, portanto cabe uma avaliação de onde situá-lo.

Como já deve ter ficado claro, todo o circuito incluindo o balun visa planificar no nível mais baixo possível a SWR. Naturalmente não escapamos da lei gravitacional universal da distribuição das misérias: não existe almoço grátis. Essa versatilidade vem ao custo do aproveitamento energético, em todas as bandas a performance ficará abaixo de uma simples dipolo ressonante pois o resistor SEMPRE vai comer uma parte da RF. Porém como continua sendo uma dipolo, preservamos a não necessidade de aterramento pois o circuito está completo, não precisando da Terra para completá-lo.

Até aqui nada muito complicado, um resistor de 1k por 100w é muito simples e rápido de obter. Porém ele deve ser do tipo não indutivo. Resistores não indutivos de 100w em um feudo mais aberto ao comércio estrangeiro seria facilmente conseguido, mas como vivemos na terra das bizarrices tributárias e frete extorsivo, importar um resistor desses não fica barato. Mas por que precisa ser não indutivo? Explico cavaleiro de jornada! Evite ao máximo a introdução reatâncias "não esperadas" no circuito para que a antena seja a mais “equânime” possível. Resistores comuns de 100w são construídos enrolando um fio em volta de um cilindro não condutivo. Obviamente um resistor assim introduzirá uma reatância indutiva grande.













O truque MacGyver aqui é usar propriedades básicas do eletromagnetismo e da associação de resistores. Adquirimos 2 resistores idênticos de 2k2 ohms por 50w como o da foto acima. Conectando os dois resistores em paralelo com seus enrolamentos em sentidos opostos anulamos (pelo menos é esse o espírito) a reatância indutiva gerada por eles. Observe a forma de ligar os resistores idênticos para que os enrolamentos fiquem em sentidos opostos. Obtemos assim aproxiamandamente 1000 ohms, 100w de dissipação total, levemente indutivo e orgulhosamente “.br”. Essa buchada de bode custa o surgimento de uma reatância capacitiva, um efeito colateral que não deve ser preocupante.


O Balun 16:1 é, sem dúvida, o componente mais complexo do circuito. Aqui não há muito espaço para improvisos. O funcionamento desse dispositivo não é trivial, por isso recomendo a leitura da obra “Transmission Line Transformers” do W2FMI do Jerry Sevick (Veja a obra na parte "Formação Técnica" desta página). Adquiri pelo Aliexpress este modelo.:



É bastante improvável que ele além da conversão de impedâncias realize também a conversão balanceado x desbalanceado. Creio que na verdade seja um “Unun” (Desbalanceado / Desbalanceado) 16:1 vendido como Balun 16:1. Sendo assim, devo esperar pelos problemas típicos da operação de antenas balanceadas em rádios desbalanceados. É possível ligar um Balun verdadeiro 1:1 a um Unun 16:1, mas isso é uma tarefa que exigiria muito conhecimento e precisas verificações com instrumentos apropriados. Como não tenho nem uma coisa nem outra, fica só o Unun mesmo.

Isso é tudo por hoje paladinos. Aguardem os próximos eventos dessa épica jornada pela Dipolo Sagrada na:

Parte II: Os Dois Telhados.





 
 
 

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